Transfusão de sangue em gatos: uma prática que salva vidas
Publicado pela Equipe SERES | 25 janeiro 2022
A especialidade da medicina felina vem evoluindo, e esses pacientes têm vivido mais. No entanto, os gatos ainda necessitam de muitos cuidados médicos. Muitas das doenças que afetam os felinos causam anemia, umas das principais causas para a transfusão de sangue em gatos.
A anemia é a diminuição das células vermelhas do sangue, também chamadas de hemácias ou eritrócitos. É reconhecida no exame de sangue de gato pela diminuição do hematócrito, da concentração da hemoglobina e da contagem dessas células.
O hematócrito é a porcentagem do volume de hemácias no volume total de sangue. A hemoglobina é uma proteína das células vermelhas e é responsável pelo transporte do oxigênio, essenciais para a boa saúde do gato.
A indicação de transfusão de sangue em gatos acontece quando o hematócrito fica abaixo de 15%. Levando-se em consideração também o estado geral do paciente, disposição, causa da anemia, se é aguda ou crônica, se é regenerativa ou não regenerativa. Abaixo de 17% já se considera uma manifestação grave da anemia.
A transfusão também pode ser indicada nas quedas da pressão arterial por perda sanguínea, das plaquetas, das proteínas do sangue ou nas intoxicações por paracetamol (Tylenol).
As causas da anemia são divididas em categorias: hemorragias, destruição dos glóbulos vermelhos (hemólise) ou diminuição na produção destas células, que ocorre na medula óssea. Por isso, a transfusão de sangue em gatos com felv é comum.
A hemorragia pode ocorrer por traumas, feridas extensas e deficiências nos fatores de coagulação. A hemólise decorre de doenças parasitárias, principalmente. Problemas na medula são causados por vírus, medicamentos, alterações endócrinas e imuno-medidas.
Assim como nós, humanos, os gatos também têm tipos sanguíneos. A identificação desses tipos (tipagem sanguínea) é fundamental para a realização da transfusão de sangue em gatos, evitando as reações transfusionais.
Tipos sanguíneos dos gatos
O sangue do gato pode apresentar um dos três tipos sanguíneos conhecidos, que são os tipos A, B ou AB. Os tipos A e B foram descritos pela primeira vez em 1962. O tipo AB só foi descoberto em 1980. No entanto, apesar de os nomes serem iguais, não são os mesmos tipos dos humanos.
Geneticamente, os tipos A e B são dominantes, ou seja, são mais comuns que o tipo AB, sendo o A mais comum que o B. Felinos sem antígenos A ou B, como ocorre no tipo de sangue O no humano, ainda não foram relatados na medicina veterinária.
Seleção do doador de sangue
Uma transfusão de sangue em gatos, para ser feita de forma segura, inicia-se na seleção do doador do sangue que será transfundido. O tutor deve relatar o máximo de informações acerca da saúde do seu gato, sem omitir doenças atuais ou passadas.
Qualquer gato pode doar sangue, desde que seja saudável, pese mais de 4 kg (sem ser obeso) e tenha um temperamento dócil, para facilitar o manejo na hora da coleta do sangue para a transfusão. Além disso, é necessário que o pet seja negativo para FIV/FeLV, no caso da FeLV, deve ser negativo também no ELISA e no PCR.
A idade também é importante. O doador tem que ter entre 1 e 8 anos de idade. Também deve ser vermifugado, vacinado, e fazer uso preventivo contra ectoparasitas. Gatos que saem para a rua sozinhos não podem ser doadores.
Além da exigência desses critérios, exames de sangue são feitos para atestar a boa saúde do doador. Esses exames vão avaliar rim, fígado, proteínas e açúcar (glicemia) do sangue, e alguns eletrólitos, como sódio, potássio e cloro.
Nos humanos, o sangue a ser doado é testado para diversas doenças infectocontagiosas. Nos gatos ocorre o mesmo. Os vírus causadores da leucemia felina e da imunodeficiência felina, além da bactéria causadora da micoplasmose felina, não devem estar no sangue a ser doado.
O doador também deve ter hematócrito entre 35 e 40% e hemoglobina acima de 11g/dl para que o receptor receba um sangue de alta qualidade, embora não se negue um doador com hematócrito de 30% e hemoglobina de 10g/dl.
O volume a ser retirado deve ser de 10 ml a, no máximo, 12 ml de sangue por quilo de peso, com intervalo de não menos de três semanas entre as doações. Tudo deve ser feito com acompanhamento para que seja possível detectar a necessidade de suplementação de ferro.
A coleta de sangue
É melhor que os felinos doadores sejam sedados ou recebam anestesia geral para minimizar o estresse do procedimento. Os gatos se assustam muito facilmente, e qualquer movimento do doador pode machucá-los.
Pode parecer estranho que o animal seja anestesiado para realizar uma coleta de sangue, porém, esse procedimento demora cerca de 20 minutos, e a anestesia utilizada tem mínimos efeitos sobre os parâmetros hematológicos.
A administração do sangue
O gatinho que irá receber o sangue está doente e precisa ser acompanhado durante todo o procedimento. Ele deve estar em um ambiente calmo, e seus parâmetros vitais devem ser avaliados a cada 15 minutos.
Ele receberá o sangue lentamente, para evitar possíveis reações. A quantidade depende do hematócrito que o receptor tinha antes da transfusão. O ideal é que depois dela ele tenha um hematócrito perto de 20%. Assim, espera-se que se recupere rapidamente.
Mesmo com o sucesso do procedimento, o tratamento medicamentoso deve ser mantido até que o felino se recupere, uma vez que a transfusão de sangue é uma terapia para ajudá-lo a melhorar.
A transfusão de sangue em gatos é um procedimento necessário em alguns momentos. Ela deve ser feita por profissionais especializados e experientes. Conte com os veterinários da Seres para cuidar do seu gatinho.
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